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Síndrome metabólica

O que é síndrome metabólica?

Síndrome metabólica (SM) é um conjunto de fatores associados à resistência à insulina. É uma condição grave, que evolui com o desenvolvimento de diabetes mellitus (DM) e aumenta muito o risco cardiovascular do paciente (risco de doenças como infarto, derrame, insuficiências arteriais, etc).

Existem muitos critérios para a definição de SM, de acordo com as muitas sociedades médicas ao redor do mundo. As mais utilizadas no Brasil são da ATPIII (Adult Treatment Panel III – programa de educação em colesterol) e IDF (International Diabetes Federation).

Pela ATPIII, o critério é a presença de 3 dos seguintes:

- circunferência abdominal maior ou igual a 102 cm em homens e 88 cm em mulheres

-triglicerídeos >150 mg/dl ou HDL (colesterol bom) < 40 mg/dl em homens e 50 mg/dl em mulheres

- pressão arterial maior ou igual a 130x85 mmHg

- alteração no metabolismo da glicose – glicemia de jejum alterada e/ou intolerância à glicose (ver aqui)

Pela IDF, mais utilizado, os critérios são:

- circunferência abdominal maior ou igual a 94 cm em homens e 80 cm em mulheres, associado a 2 dos seguintes:

- triglicerídeos >150mg/dl ou HDL (colesterol bom) < 40mg/dl em homens e 50mg/dl em mulheres

- pressão arterial maior ou igual a 130x85 mmHg ou em tratamento para hipertensão arterial

- glicemia de jejum > 100 mg/dl

 

A SM pode estar presente em metade dos pacientes que desenvolvem DM e em um terço dos que desenvolvem doença cardiovascular. Os riscos da SM são os mesmos dos pacientes com DM (ver aqui), e a prevenção é o melhor tratamento.

A prevenção e tratamento da SM são os mesmos do DM. Para evitar ou, pelo menos, minimizar os riscos da SM, é essencial a melhora do estilo de vida, com dieta adequada e atividade física regular.

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Obesidade

A obesidade é uma grande preocupação no Brasil e no mundo, devido ao aumento crescente de pessoas com excesso de peso. Ela traz um grande impacto à saúde pública, por ser um importante fator de risco para outras doenças que comprometem a qualidade de vida e a sobrevida dos indivíduos.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem no mundo, atualmente, 1,6 bilhões de pessoas com mais de 15 anos acima do peso, sendo 400 milhões de obesos. A estimativa para 2015 é que haja 2,3 bilhões de indivíduos com excesso de peso, sendo 700 milhões de obesos. Segundo evidências, a obesidade ultrapassará o tabagismo como maior causa de morte evitável no mundo.

No Brasil, dados de 2008 mostram que 50% dos homens estão acima do peso, sendo 12,4% obesos e, entre as mulheres, 48% têm excesso de peso, com 16,9% obesas. Avaliando crianças e adolescentes, há excesso de peso em 33,5% das crianças de 5 a 9 anos e 21,5% de 10 a 19 anos.

O perigo da obesidade é o risco do paciente desenvolver hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia (alteração do colesterol), doenças articulares, diferentes tipos de câncer, entre muitas outras complicações.

Os fatores genéticos e as mudanças de estilo de vida no mundo moderno, com piora do comportamento alimentar, sedentarismo, urbanização, condições de trabalho, são os fatores responsáveis por fazer da obesidade uma epidemia mundial.

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Como é definida a obesidade?

A obesidade é definia pelo índice de massa corpórea do indivíduo (IMC), que é calculado dividindo-se o peso pela altura ao quadrado - IMC = peso/(altura x altura) expresso em kg/m2

Classificação de acordo com o IMC

  • 18-24,9 normal
  • 25-29,9 sobrepeso
  • 30 ou > obesidade
    • 30-34,9 obesidade GI
    • 35-39,9 obesidade GII
    • 40 ou > obesidade GIII

O IMC é de uso prático, simples, com bom valor para diagnóstico e prognóstico. Mas pode ter valores superestimados em indivíduos com muita massa muscular, por exemplo. O mais indicado é associar o IMC à medida da circunferência abdominal, que não deve passar de 80-88 cm em mulheres e 94-102 cm em homens, segundo critérios para definição da síndrome metabólica (ver aqui).

 

O que causa a obesidade?

A obesidade é um desequilíbrio entre a entrada de energia e o gasto calórico. Em pessoas geneticamente mais susceptíveis, o organismo é mais preparado para se defender de situações de privação de calorias, acumulando mais energia quando há uma ingestão calórica aumentada.

Ou seja, há pessoas que têm herança genética para obesidade. Mas o ganho de peso ocorre quando a ingestão de calorias é maior do que o corpo necessita, acumulando-se no tecido adiposo.

As mudanças sociocomportamentais da população estão associadas ao aumento da ingestão alimentar, com diminuição do número de refeições realizadas em casa, mais refeições em fast food e aumento do tamanho das porções. Além disso, a necessidade de realizar refeições em curto espaço de tempo atrapalha os mecanismos de sensação de saciedade.

A privação do sono e de atividades de lazer também pode resultar em alterações comportamentais relacionadas ao hábito alimentar, em que a sensação de prazer e recompensa com o alimento se sobrepõe ao sistema que regula a necessidade de energia do organismo.

 

Quais são as doenças causadas pela obesidade?

A obesidade está relacionada ao desenvolvimento de muitas doenças:

  • Diabetes mellitus tipo 2 (leia mais aqui)
  • Doenças cardiovasculares:
    • Hipertensão arterial
    • Doença arterial coronariana (angina, infarto)
    • Insuficiência cardíaca
    • Embolia pulmonar
    • Acidente vascular cerebral (derrame)
  • Cânceres:
    • Mama
    • Intestino e reto
    • Endométrio
    • Esôfago
    • Rins
    • Ovários
    • Pâncreas
    • Próstata
  • Asma
  • Apneia do sono (leia mais aqui)
  • Cálculo biliar (“pedra na vesícula”)
  • Artrose de coluna, quadril, joelho, tornozelo e pé 
  • Lombalgia crônica
  • Doença hepática gordurosa não alcoólica (“gordura no fígado”)
  • Etc

A obesidade é associada, também, a manifestações psicológicas e mudanças comportamentais e sociais, levando a baixa autoestima, transtorno compulsivo alimentar, depressão e ansiedade.

 

Qual é o tratamento para obesidade?

O tratamento para a obesidade é a perda de peso. Considera-se uma perda eficaz de peso quando o indivíduo perde 5% do peso corporal.

Recomenda-se, sempre, mudanças de estilo de vida para que haja a perda de peso. O paciente sempre deve melhorar a alimentação e fazer atividade física, para que haja um balanço energético negativo. A diminuição de 500 calorias no consumo diário pode levar à perda de 500g por semana, equivalente ao esforço de uma caminhada de uma hora por dia. A perda de 500g a 1kg por semana é considerado um bom resultado.

A mudança na alimentação deve ser sempre acompanhada por endocrinologistas e/ou nutricionistas e nunca baseada em dietas da moda. Existem inúmeras tipos de dieta: dietas de baixas calorias, dietas de muito baixas calorias, dietas hiperproteicas, dietas com restrição de algum macronutriente, etc.

Os estudos a respeito de dietas alimentares mostram que, em geral, qualquer tipo de dieta resulta na mesma perda de peso ao longo de 12 meses. As dietas com muito baixas calorias têm a perda mais rápida de peso incialmente, ao redor de 1,5 a 2kg por semana, mas têm um índice de reganho muito maior se não forem adequadamente acompanhadas por um especialista.

O fator mais determinante do resultado da dieta, segundo os estudos, é a frequência com que o paciente é acompanhado pelo médico ou nutricionista.

Se essas medidas não são suficientes, há necessidade de uso de medicações e, na falha dessas, o tratamento cirúrgico pode ser indicado (leia aqui).

Além disso, deve ser feito o tratamento de todas as comorbidades que o paciente apresente.

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O que você sabe sobre "pressão alta"?

A hipertensão arterial, ou pressão alta, é diagnosticada quando a pressão arterial, após ser medida por duas ou mais vezes, é igual ou superior a 14 por 9 (140x90 mmHg)

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A hipertensão arterial, ou pressão alta, é diagnosticada quando a pressão arterial, após ser medida por duas ou mais vezes, é igual ou superior a 14 por 9 (140x90 mmHg) . Isso acontece porque os vasos por onde o sangue circula se contraem e fazem com que a pressão do sangue se eleve.

A pressão arterial é considerada normal quando a pressão sistólica (máxima) não ultrapassa 130 mmHg e a diastólica (mínima) é inferior a 85 mmHg. E ela pode variar durante o dia, tendendo a diminuir quando estamos dormindo e aumentar quando realizamos esforço físico.

A hipertensão é uma doença silienciosa e, na maioria dos casos,  não produz sintomas óbvios. Em geral, tem causa genética, mas pode ser desencadeada ou piorada por hábitos de vida ruins, como: obesidade, ingestão excessiva de sal ou de bebida alcoólica e inatividade física.

O objetivo de tratar a hipertensão arterial é evitar suas complicações, que podem ser muito graves. O tratamento correto pode evitar futuros infartos do coração, derrames, alteração da função dos rins, etc. O paciente hipertenso deve tomar diariamente os chamados anti-hipertensivos e adotar hábitos saudáveis: evitar o excesso de sal na alimentação, bebidas alcoólicas, controlar o peso, fazer exercícios físicos, evitar o fumo e controlar o estresse.

Em alguns casos, o paciente só tem pressão alta quando esta é medida em consultório médico. Fora do consultório, ela é normal. É a chamada síndrome do avental branco. Para investigar isso, deve ser realizado um exame chamado MAPA -  monitorização ambulatorial da pressão arterial, que mede a pressão durante 24 horas com aparelho automático.


Portanto, se você é hipertenso, tome seus medicamentos corretamente, não deixe de usá-los quando a pressão melhora. É justamente por causa dos remédios que ela ficou boa!! E se você não sabe se é ou não hipertenso, vá ao seu médico e verifique sua pressão arterial.

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Endocrinologia geral Dra Patricia Baines Gracitelli Endocrinologia geral Dra Patricia Baines Gracitelli

Síndrome de Ovários Policísticos

A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma doença endocrinológica caracterizada pelo aumento da produção de hormônios masculinos nas mulheres.

Apesar de ser comum, a Síndrome dos Ovários Policísticos manifesta-se de diferentes formas nas mulheres e, por este motivo, seu tratamento deve ser individualizado. Até o momento não foi descoberta a cura para a SOP, entretanto, com o controle dos sintomas, é possível prevenir os problemas associados. 

O que é a Síndrome dos Ovários Policísticos?

A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma doença endocrinológica caracterizada pelo aumento da produção de hormônios masculinos pelos ovários, nas mulheres.

 

Como é feito o diagnóstico da Síndrome dos Ovários Policísticos?

Para o diagnóstico da SOP, devem estar presentes, pelo menos, dois dos seguintes componentes:

- irregularidade menstrual - ausência de menstruação por mais de dois meses (excluída gestação) ou ciclos com duração variável

- sinais de aumento dos hormônios masculinos - aumento dos pêlos em locais não usuais (por exemplo, bigode, seios, barriga, queixo), acne, queda de cabelo; ou aumento dos hormônios masculinos em exames de sangue (testosterona, DHEAs, androstenediona)

- ultrassom dos ovários com ovários aumentados ou com muitos cistos pequenos e na periferia dos ovários

A SOP acomete de 5% a 10% da população feminina em idade fértil, sendo responsável por 85% dos casos de irregularidade menstrual em jovens.

Em geral, essas mulheres têm dificuldade em perder peso e resistência à insulina. A resistência à insulina parece ser a causa de toda a síndrome e, em consequência, grande parte das pacientes pode desenvolver diabetes no futuro. Essas mulheres também podem apresentar infertilidade e câncer de endométrio (parte interna do útero), além de aumento do colesterol e maior risco de eventos cardiovasculares (infarto, derrame), em relação a mulheres com mesmo IMC (índice de massa corpórea), mas sem SOP.

 

Qual é o tratamento para a Síndrome dos Ovários Policísticos?

O tratamento para a SOP começa pela melhora do estilo de vida e perda de peso, com reeducação alimentar e atividade física. Só a mudança no estilo de vida já pode melhorar a infertilidade e diminuir o risco de diabetes, mesmo antes da perda de peso.

Dentre as opções medicamentosas, os anticoncepcionais orais têm sido muito utilizados e são seguros e eficazes para a maioria das mulheres. Por ser uma síndrome, com vários sintomas, o tratamento deve englobar diversos medicamentos, como hipoglicemiantes orais (nos casos de resistência grave à insulina), estimulantes da menstruação, acompanhamento da infertilidade, cosméticos contra a acne e terapias para o controle do estresse e ansiedade.

Segundo o Projeto Diretrizes da AMB, a perda de peso resultante das mudanças no estilo de vida “favorecerá a queda dos androgênios circulantes, melhorando o perfil lipídico e diminuindo a resistência periférica à insulina; dessa forma, contribuirá para o decréscimo no risco de aterosclerose, diabetes e regularização da função ovulatória. A prescrição de contraceptivos hormonais orais de baixa dose, por sua vez, propiciará o controle da irregularidade menstrual e redução do risco de câncer endometrial”

Apesar de ser comum, a Síndrome dos Ovários Policísticos manifesta-se de diferentes formas nas mulheres e, por este motivo, seu tratamento deve ser individualizado. Até o momento não foi descoberta a cura para a SOP, entretanto, com o controle dos sintomas, é possível prevenir os problemas associados. 

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Apneia x Hipertensão

Baseado em publicação da Sociedade Brasilieria de Endocrinologia e Metabologia (http://www.endocrino.org.br)

Um grupo de pesquisadores da Escola Paulista de Medicina chegou à conclusão de que quem sofre com apneia do sono tem grandes chances de se tornar um hipertenso no futuro. O estudo foi feito com 1042 pessoas, todas residentes em São Paulo. Através da polissonografia, um exame para a medição do sono e de suas variáveis fisiológicas, foi constatado que 38% delas eram apneicas. Destas, cerca de 50% tinham pressão alta.

De acordo com os estudiosos, quem sofre de apneia tem um grande estresse durante o sono e não consegue oxigenar bem os tecidos do organismo. A interrupção da respiração leva a uma queda da oxigenação, ao aumento do gás carbônico e ao curto despertar do sono para retomar a respiração. Todos esses fatores em conjunto levam à ativação do sistema simpático, que causa hipertensão.

Ainda segundo os pesquisadores, as consequências da hipertensão são graves e podem causar no apneico problemas como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência renal. A apneia é tida, ainda, como uma das causas de morte súbita durante o sono.

Quais são as causas da Apneia do Sono?

A apneia do sono ocorre quando o ar suficiente não consegue ir até os pulmões quando se está dormindo. Tal situação ocorrer por vários fatores: os músculos da garganta e língua relaxam mais do que o normal, as amídalas e adenóides são grandes, a pessoa está acima do peso (o excesso de tecido mole na garganta dificulta mantê-la aberta), ou o formato da cabeça e pescoço resulta em menor espaço para passagem de ar na boca e garganta.

Quais são os sintomas da Apneia do Sono?

Ronco e sonolência diurna são considerados os principais sintomas da apneia do sono, embora muitos pacientes não os percebam. A sonolência diurna é explicada pelas interrupções do sono causadas pela falta de oxigênio.

São considerados sintomas da apneia: acordar com sensação de sufocamento, ofegante, com dor no peito ou desconforto, confuso ou com dor de cabeça; sentir boca seca ou dor de garganta pela manhã; alterações na personalidade; dificuldade de concentração; impotência sexual; e irritabilidade.

Muitas vezes, o paciente não sabe que ronca ou que tem apneia, o parceiro é que deve informá-lo...

Qual é o tratamento da apneia do sono?

Mudanças nos hábitos de vida podem contribuir muito com a melhora da apneia do sono.

Perder peso, evitar o consumo de bebidas alcoólicas, dormir de lado, evitar consumo de comidas pesadas antes de dormir, evitar o fumo 4 horas antes de deitar e elevar a cabeceira da cama entre 15cm e 20cm são algumas medidas simples que podem evitar problemas futuros. 

A apneia é uma doença que dever ser tratada  em conjunto pelo Otorrinolaringologista, Endocrinologista e Cardiologista. Se você ou seu parceiro têm esse problema, procure um especialista.

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