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A polêmica dos adoçantes - Sucralose

O uso de adoçantes é sempre um assunto polêmico, e o artigo abaixo informa as recomendações do Conselho Federal de Nutrição em relação a um tipo de adoçante, a sucralose.

Leia mais sobre adoçantes em geral nos posts: "Adoçantes - úteis ou perigosos?" e "Adoçantes ou açúcar?"

 

Recomendação CFN nº 3/2016 – Sucralose

O Conselho Federal de Nutricionistas no uso de suas competências regimentais e atribuições conferidas pela Lei nº 6.583, de 20 de outubro de 1978 e pelo Decreto nº 84.444, de 30 de janeiro de 1980;

CONSIDERANDO os vários comentários negativos sobre a sucralose em redes sociais, mídias e em alguns eventos, entre eles, que o referido adoçante aumentaria a secreção de insulina, causaria alterações na tireoide, câncer;

CONSIDERANDO a dúvida se o consumo de sucralose deve ou não ser indicado pelo nutricionista a seus pacientes;

INFORMA que:

Apesar de informações circulantes de malefícios sobre a sucralose, não foram encontrados estudos científicos (desenvolvidos com humanos e em quantidade representativa) que suportem as afirmações de que o consumo do edulcorante aumentaria a secreção de insulina, causaria alterações na tireoide e câncer.

A sucralose foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) como um edulcorante de mesa em 1998, seguindo-se a aprovação como um adoçante de uso geral em 1999. Antes de aprovar o adoçante, o FDA revisou mais de 100 estudos de segurança realizados no edulcorante, incluindo estudos para avaliar o risco de câncer. Os resultados destes estudos não mostraram nenhuma evidência de que o adoçante cause câncer ou represente qualquer outra ameaça à saúde humana (1). Não existem evidências claras de que os adoçantes disponíveis comercialmente nos Estados Unidos estejam associados com o risco de câncer em seres humanos (2).

A Ingestão Diária Aceitável (ADI) é de 0-15 mg / kg de peso corporal – última avaliação em 1990, segundo o resumo das avaliações realizadas pelo Comitê Misto Food and Agriculture Organization of the United Nations/World Health Organization (FAO/WHO) de Peritos em Aditivos Alimentares. (3)

O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), órgão auxiliar do Ministério da Saúde no desenvolvimento e coordenação das ações integradas para a prevenção e o controle do câncer no Brasil, registrou em 01 de agosto de 2015 que “evidências obrigam o INCA a cumprir com sua responsabilidade de informar à população que o consumo de adoçantes artificiais está associado ao desenvolvimento de algumas doenças, inclusive do câncer”. No texto, a sucralose especificamente não foi mencionada como causadora de malefícios, e sim a sacarina sódica, o aspartame e edulcorantes em geral. (4)

Em busca de mais informações, em contato com a Unidade Técnica de Alimentação, Nutrição e Câncer do INCA, nos foi informado que ainda não há evidências que relacionem o consumo de sucralose com o desenvolvimento de câncer em seres humanos. No entanto, há motivos para o reconhecimento da hipótese de relação entre o uso de adoçantes não nutritivos e o risco de desenvolver a doença e por isso o INCA adotou a recomendação de evitar o consumo de qualquer tipo de adoçante artificial, inclusive a sucralose, para a população sem indicação clínica específica para o uso da substância.

A sucralose foi sugerida para avaliação do Grupo Consultivo da International Agency for Research on Cancer (IARC), com alta prioridade, para estimativa de carga global do Câncer, no decorrer dos anos de 2015 a 2019 (5).

O Conselho Federal de Nutricionistas recomenda ao nutricionista:

1. Com base no Código de Ética do Nutricionista – Resolução CFN nº 334/2004, alterada pela Resolução CFN nº 541/2014 (6) -, o nutricionista deve analisar com rigor técnico-científico qualquer tipo de prática ou pesquisa, adotando-a somente quando houver níveis consistentes de evidências científicas – sendo que informações repassadas em redes sociais, mídias e eventos sem a apresentação das referências literárias das informações não devem respaldar a prática profissional.

2. Manter constante leitura, pesquisa, estudo e consulta a órgãos que realizam pesquisas, como os mencionados, para atendimento aos pacientes ou outras condutas profissionais.

3. Indicar adoçante artificial apenas a pacientes com necessidade clínica específica para o uso da substância, respeitando-se os limites de Ingestão Diária Aceitável.

Destacamos que é de responsabilidade do nutricionista assumir os atos praticados no seu exercício profissional, cabendo aos Conselhos Federal e Regionais de Nutricionistas a apuração dos mesmos quando provocados.

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Adoçantes - úteis ou perigosos?

Os adoçantes são aditivos amplamente usados pela população geral, principalmente indivíduos em controle do peso ou diabéticos. E são, muitas vezes, indicados pelos médicos ou nutricionistas desses pacientes.

Nos últimos anos, muitos estudos mostraram algum grau de receio em relação à segurança do uso de adoçantes. Alguns estudos sugeriram riscos para gestantes, inclusive risco de parto prematuro. Estudos em ratos demonstraram casos de câncer associados à ingestão de adoçantes em grande quantidade e risco de desenvolvimento de diabetes pela alteração das bactérias intestinais. Esses achados não foram testados em humanos, portanto não há conclusões ainda.

A Europan Food Safety Authority lançou um programa de reavaliação dos adoçantes, que ainda está em andamento. Os resultados para o aspartame já saíram em 2013 e concluíram que o mesmo é seguro numa ingestão menor que 40mg/kg/dia (equivalente a 12 latas de refrigerante diet ao dia).

A Agence Nationale de Sécurité Sanitaire (França) também realizou uma avaliação dos riscos e benefícios nutricionais dos adoçantes e obteve as seguintes conclusões:

- não há evidência que o consumo de adoçantes provoque um "vício" em sabores doces ou aumento do apetite por alimentos doces.

- em relação ao uso de adoçantes para controle de peso, os estudos são contraditórios. Alguns mostram que o consumo é associado ao ganho de peso, em geral estudos com muitos fatores de confusão, em que não é possível estabelecer uma reação causal. Por outro lado, não é possível concluir que o uso de adoçantes leve à perda de peso. Portanto, parece não haver risco de ganho de peso, mas também pode não existir benefícios para perda de peso.

- a maioria dos estudos não mostra efeitos na secreção de insulina ou na glicemia e não há evidências de aumento de risco de diabetes.

- não há dados suficientes para confirmar risco de parto prematuro em gestantes ou qualquer risco para mãe ou bebê.

- não evidências para associar o consumo de adoçantes e o risco de câncer.

Em resumo, esse estudo mostra que não há riscos com o consumo de adoçantes, mas também deixa clara a falta de benefícios.

Portanto, os adoçantes não devem ser considerados alimentos "saudáveis", mas, para os indivíduos, principalmente diabéticos, que têm o hábito de ingerir refrigerantes ou sucos adoçados e que não conseguem substituí-los por água, o uso de adoçantes deve ser incentivado.

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Adoçantes ou açúcar??

No dia 17 de setembro, foi publicado um artigo polêmico na revista Nature, sugerindo a possibilidade dos adoçantes artificiais de induzirem à intolerância à glicose, diabetes e obesidade.

O estudo foi feito em ratos e apenas 7 humanos, sendo esses saudáveis e sem o hábito de usar adoçantes artificiais.  Em 4 humanos, houve aumento da glicemia quando expostos a doses máximas permitidas de sacarina, por uma semana. Em ratos, o uso de sacarina, sucralose e aspartame aumentou o risco de elevação da glicose.

Ainda não está esclarecido o mecanismo desse efeito colateral dos adoçantes artificiais, mas parece estar relacionado a alterações na flora bacteriana do intestino dos indivíduos em que houve aumento da glicemia.

Paralelamente, os pesquisadores analisaram 400 indivíduos e descobriram que as bactérias intestinais dos usuários de adoçantes eram bastante distintas daquelas encontradas em não-usuários.

O estudo ainda é pequeno e as conclusões do estudo não devem ser encaradas como recomendações para suspender o uso de adoçantes artificiais. Além disso, o uso do açúcar é comprovadamente associado ao desenvolvimento de diabetes e obesidade, portanto, pacientes em risco de aumento da glicemia não devem trocar os adoçantes por açúcar.

Até que essa polêmica seja resolvida no futuro, não há no momento nenhuma recomendação no sentido de propor a suspensão do uso de adoçantes artificiais, uma vez que esses produtos são considerados seguros, conforme posicionamentos da Food and Drug Administration, da American Diabetes Association e da American Medical Association, entre outras.

Algumas opções que podem substituir os adoçantes artificiais e o açúcar estão listadas abaixo:

- stevia - adoçante natural

- baunilha - fava ou essência

- canela - excelente opção para o cafezinho

- purê de maçã - ideal para adoçar bolos, muffins

- tâmaras - excelente para bolos, pães, doces

- côco ralado - usar sem adição de açúcar!

- leite de amêndoas - bom para chás, smoothies e suco verde

 

Fonte: 

Suez J, Korem T, Zeevi D et al. Artificial sweeteners induce glucose intolerance by altering the gut microbiota. Nature. Publicado online em 17 de Setembro de 2014. DOI: 10.1038/nature13793

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