Adoçantes ou açúcar??
No dia 17 de setembro, foi publicado um artigo polêmico na revista Nature, sugerindo a possibilidade dos adoçantes artificiais de induzirem à intolerância à glicose, diabetes e obesidade.
O estudo foi feito em ratos e apenas 7 humanos, sendo esses saudáveis e sem o hábito de usar adoçantes artificiais. Em 4 humanos, houve aumento da glicemia quando expostos a doses máximas permitidas de sacarina, por uma semana. Em ratos, o uso de sacarina, sucralose e aspartame aumentou o risco de elevação da glicose.
Ainda não está esclarecido o mecanismo desse efeito colateral dos adoçantes artificiais, mas parece estar relacionado a alterações na flora bacteriana do intestino dos indivíduos em que houve aumento da glicemia.
Paralelamente, os pesquisadores analisaram 400 indivíduos e descobriram que as bactérias intestinais dos usuários de adoçantes eram bastante distintas daquelas encontradas em não-usuários.
O estudo ainda é pequeno e as conclusões do estudo não devem ser encaradas como recomendações para suspender o uso de adoçantes artificiais. Além disso, o uso do açúcar é comprovadamente associado ao desenvolvimento de diabetes e obesidade, portanto, pacientes em risco de aumento da glicemia não devem trocar os adoçantes por açúcar.
Até que essa polêmica seja resolvida no futuro, não há no momento nenhuma recomendação no sentido de propor a suspensão do uso de adoçantes artificiais, uma vez que esses produtos são considerados seguros, conforme posicionamentos da Food and Drug Administration, da American Diabetes Association e da American Medical Association, entre outras.
Algumas opções que podem substituir os adoçantes artificiais e o açúcar estão listadas abaixo:
- stevia - adoçante natural
- baunilha - fava ou essência
- canela - excelente opção para o cafezinho
- purê de maçã - ideal para adoçar bolos, muffins
- tâmaras - excelente para bolos, pães, doces
- côco ralado - usar sem adição de açúcar!
- leite de amêndoas - bom para chás, smoothies e suco verde
Fonte:
Suez J, Korem T, Zeevi D et al. Artificial sweeteners induce glucose intolerance by altering the gut microbiota. Nature. Publicado online em 17 de Setembro de 2014. DOI: 10.1038/nature13793
Diabetes gestacional
O Diabetes mellitus gestacional (DMG) é o DM diagnosticado pela primeira vez durante a gestação. Em geral, o diagnóstico é feito na segunda metade da gestação, a partir da 24a semana.
É muito importante que esse diagnóstico seja feito, pois o DMG aumenta o risco de aborto e complicações no parto, principalmente pelo tamanho exagerado dos bebês (macrossomia).
Os principais fatores de risco para o DMG são:
- idade maior 35 anos
- excesso de peso antes da gravidez (IMC >25) ou ganho de peso excessivo durante a gravidez
- antecedente familiar de DM
- feto muito grande para a idade gestacional
- hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez atual
- antecedente de abortos de repetição, malformação fetal, macrossomia ou DMG em gestação prévia
- síndrome dos ovários policísticos
Todas as gestantes devem ser investigadas para o DMG, com dosagem da glicemia de jejum e curva glicêmica (dosagem da glicemia em jejum e 2h após ingestão de solução de glicose).
Pode ser tratado apenas com dieta e atividade física, mas, se for necessário o uso de medicações, o mais indicado é o uso de insulina. O quadro pode ser revertido após o parto.
O DMG não aumenta o risco de malformações fetais como no caso de mulheres previamente diabéticas que engravidam. Mas aumenta muito a chance de a mulher se tornar diabética ao longo da vida, além da maior probabilidade de que as crianças desenvolvam DM e/ou obesidade na adolescência e vida adulta.
Distúrbios de sono associados a diabetes e obesidade
Em paralelo com o aumento da prevalência da obesidade e do diabetes tipo 2, os distúrbios de sono tornaram-se comuns nas sociedades modernas.
Em paralelo com o aumento da prevalência da obesidade e do diabetes tipo 2, os distúrbios de sono tornaram-se comuns nas sociedades modernas. Um número crescente de estudos epidemiológicos mostram uma associação entre a curta duração do sono e distúrbios do sono com alterações metabólicas, em particular a obesidade e o diabetes tipo 2 .
Estudos experimentais apontam para vários mecanismos distintos por que o sono insuficiente afeta negativamente a saúde metabólica. O sono insuficiente parece alterar a atividade de sistemas neuroendócrinos (interação entre hormônios e neurônios), favorecendo aumento do apetite, maior sensibilidade a estímulos de comida, e, em última análise, um excesso no consumo de energia . O efeito da diminuição do sono sobre a atividade física e o gasto energético ainda é pouco clara.
Embora os estudos de intervenção de longo prazo provando uma associação de causa e efeito ainda sejam escassos, a diminuição de sono parece ser um alvo atraente para a prevenção e tratamento da obesidade e diabetes tipo 2. É essencial que o endocrinologista inclua perguntas sobre a qualidade de sono na consulta.
Inicialmente, apenas mudanças comportamentais, como diminuir o estresse, manter o quarto escuro e quieto na hora de dormir, fazer uma refeição leve à noite, evitar álcool e diminuir o uso de aparelhos eletrônicos na hora de dormir, devem ajudar. Mas, em alguns casos, é necessário intervenção com medicamentos.
Lancet Diabetes Endocrinol 2014. Published online March 25, 2014.
Síndrome metabólica
O que é síndrome metabólica?
Síndrome metabólica (SM) é um conjunto de fatores associados à resistência à insulina. É uma condição grave, que evolui com o desenvolvimento de diabetes mellitus (DM) e aumenta muito o risco cardiovascular do paciente (risco de doenças como infarto, derrame, insuficiências arteriais, etc).
Existem muitos critérios para a definição de SM, de acordo com as muitas sociedades médicas ao redor do mundo. As mais utilizadas no Brasil são da ATPIII (Adult Treatment Panel III – programa de educação em colesterol) e IDF (International Diabetes Federation).
Pela ATPIII, o critério é a presença de 3 dos seguintes:
- circunferência abdominal maior ou igual a 102 cm em homens e 88 cm em mulheres
-triglicerídeos >150 mg/dl ou HDL (colesterol bom) < 40 mg/dl em homens e 50 mg/dl em mulheres
- pressão arterial maior ou igual a 130x85 mmHg
- alteração no metabolismo da glicose – glicemia de jejum alterada e/ou intolerância à glicose (ver aqui)
Pela IDF, mais utilizado, os critérios são:
- circunferência abdominal maior ou igual a 94 cm em homens e 80 cm em mulheres, associado a 2 dos seguintes:
- triglicerídeos >150mg/dl ou HDL (colesterol bom) < 40mg/dl em homens e 50mg/dl em mulheres
- pressão arterial maior ou igual a 130x85 mmHg ou em tratamento para hipertensão arterial
- glicemia de jejum > 100 mg/dl
A SM pode estar presente em metade dos pacientes que desenvolvem DM e em um terço dos que desenvolvem doença cardiovascular. Os riscos da SM são os mesmos dos pacientes com DM (ver aqui), e a prevenção é o melhor tratamento.
A prevenção e tratamento da SM são os mesmos do DM. Para evitar ou, pelo menos, minimizar os riscos da SM, é essencial a melhora do estilo de vida, com dieta adequada e atividade física regular.
Transtornos alimentares
O mundo vive hoje uma busca incessante pelo "corpo perfeito", o que gera angústia e frustação para quem acha que não se enquadra nesse perfil. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, 53% das mulheres (~45 milhões de mulheres) faz algum tipo de regime. Isso interfere diretamente no estilo de vida e comportamento da pessoa, podendo provocar os transtornos alimentares.
O mundo vive hoje uma busca incessante pelo "corpo perfeito", o que gera angústia e frustação para quem acha que não se enquadra nesse perfil. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, 53% das mulheres (~45 milhões de mulheres) faz algum tipo de regime. Isso interfere diretamente no estilo de vida e comportamento da pessoa, podendo provocar os transtornos alimentares.
Transtornos alimentares não são doenças endocrinológicas, mas geram conseqüências, como diversos distúrbios hormonais que, aí sim, envolvem os endocrinologistas. Por isso, a presença de um endocrinologista é útil e necessária, junto à equipe multiprofissional, no diagnóstico e no tratamento destes transtornos.
Os principais transtornos alimentares são bulimia, anorexia e compulsão alimentar. Todos acomentem muito mais mulheres jovens, mas também ocorrem em mulheres mais velhas e homens.
Anorexia
É o mais grave dos transtornos e o mais difícil de ser tratado. A anorexia apresenta a maior taxa de mortalidade ao ano entre todos os transtornos psiquiátricos (5-15% dos casos de anorexia). As causas de morte vão desde inanição até suicídio.
Pacientes anoréxicos têm uma grave distorção da autoimagem, enxergam-se gordos mesmo estando magros. Isso causa depressão e os leva a restringir cada vez mais a alimentação, de forma exagerada e perigosa.
No início, os sintomas são pouco perceptíveis, pois o anoréxico finge estar se alimentando e chega a usar roupas largas, mas alguns casos são extremamente graves, provocando desnutrição profunda, com necessidade de internação em UTI antes do tratamento psiquiátrico. Alguns sinais indicativos são a magreza extrema, parada da menstruação, queda de cabelos, pele ressecada, desânimo, irritabilidade, preocupação exagerada com o corpo.
Geralmente, o paciente com anorexia não percebe o problema, acha normal querer controlar a alimentação. As pessoas em volta também demoram a perceber o problema, apesar de insistirem em dizer que está magro demais e que deve se alimentar melhor.
O tratamento depende muito do paciente, é importante que a pessoa queira se tratar e que entenda que o sucesso do tratamento depende de sua força de vontade e colaboração com os profissionais. É importante, também, que os parentes e amigos aprendam a lidar com a situação e mantenham-se interessados no tratamento. Apenas 40% dos pacientes conseguem se curar.
Bulimia
A bulimia é mais difícil de ser diagnosticada, porque os pacientes, em geral, são magros ou com leve sobrepeso, comem normalmente, inclusive alimentos calóricos. O problema da bulimia são os episódios de compulsão alimentar, com ingestão de enorme quantidade de alimentos calóricos em pouco tempo, e o arrependimento logo em seguida. Para não engordar, a pessoa usa métodos compensatórios, como provocar vômitos, abusar de laxantes e diuréticos, ou fazer exercícios extenuantes.
Alguns sinais podem indicar o transtorno - aqueles que provocam vômitos apresentam dores ao engolir, dores de estômago, feridas na garganta e nos dedos, cáries; o uso crônico de laxantes provoca diarréia no início, mas prisão de ventre posteriormente. Tanto vômitos quanto diarréia podem levar a perda de eletrólitos importantes ao organismo e desidratação, provocando cãimbras, formigamentos, fraqueza muscular. Esses pacientes têm idas recorrentes e demoradas ao banheiro.
Em geral, o paciente tem muita vergonha da situação, e não admite o transtorno. É essencial, também nesse caso, o acompanhamento psicológico e o apoio dos familiares e amigos.
Compulsão alimentar
Os pacientes com esse transtorno, em geral, são obesos e têm histórias de fracassos repetidos em tratamentos para perda de peso.
O transtorno caracteriza-se por episódios frequentes de grande consumo de alimentos calóricos e de baixo valor nutritivo, num curto espaço de tempo (binge eating - "orgia alimentar"). Por exemplo, o paciente come em um tempo menor que duas horas um pacote de bolachas, um pote de sorvete, um sanduíche, uma garrafa de refrigerante e uma caixa de bombons. A maioria dessas pessoas tem vergonha e sentimento de culpa, e come escondida, mas não recorre a métodos compensatórios para evitar o ganho de peso.
Esse distúrbio também necessita de tratamento psicológico e aceitação do paciente em relação ao problema e a necessidade de tratamento.
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